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quinta-feira, 29 de março de 2012

Ventilação_Conforto térmico

Uma das características de um bom partido arquitetônico, baseado em conceitos de bioclimatologia, é a observância quantos aos elementos naturais. O destaque neste tópico é quanto à Ventilação, a qual permite regular as trocas térmicas de um ambiente se bem aproveitada. O modelo mais utilizado em regiões de clima tropical úmido é a ventilação cruzada ou até mesmo o efeito chaminé. Ambos permitem a retirada do ar quente do ambiente, além da promoção do resfriamento (melhora e regula a temperatura interna). Válido salientar que tal mecanismo funciona como um método, inclusive, de higienização, pois permite também a renovação do ar, que muitas das vezes se torna saturado. As orientações das fachadas e/ou aberturas devem ser observadas para que, com o uso de sistemas que mensuram e detectam as correntes de ventos, possam aproveitar o elemento natural e dispensar o uso de equipamentos (ar-condicionado). 

Recomendação de leitura do livro de Roberto Rivero: Arquitetura e Clima - Acondicionamento térmico natural. Editora da Universidade. Capítulo: A ventilação.

domingo, 18 de março de 2012

Clima Tropical Úmido_Modernismo: Análise de conforto


Arquitetura moderna e conforto ambiental nos trópicos – diretrizes aplicáveis às casas de Lucio Costa na Gávea, Rio de Janeiro
Ingrid C. L. Fonseca, Eliane Barbosa, Adriana Alvarez, Maria Maia Porto

As decisões de projeto, como implantação, orientação das fachadas, tamanho e posicionamento das aberturas, definição dos elementos de sombreamento e redirecionamento da luz natural, escolha dos tipos de esquadria, distribuição dos espaços internos e escolha das cores de revestimento externo e interno, influenciam diretamente no conforto ambiental e devem ser criteriosamente definidas já nas fases iniciais e detalhadas ao longo do processo de projeto.

Em meio às diferentes soluções de projeto apresentadas nas residências em estudo, a busca por espaços contínuos e fluidos foi uma constante, de modo que o excesso de luz natural ou ganho de calor fossem controlados por meio de dispositivos para não prejudicar a qualidade do conforto no interior dos ambientes.

Clima Tropical Úmido_Procedimentos


Os trechos abaixo, extraídos de literatura referenciada em seguida, podem nos mostrar um pouco sobre os partidos arquitetônicos de regiões com clima tropical úmido (i.e. Salvador), ou seja, sobre as condicionantes que devem estar presentes para a concepção de um projeto com a garantia do conforto térmico, onde os fluxos térmicos e condutividades podem ser trabalhados com dispositivos criativos, práticos e baratos, mas que também, a depender do cliente, podem ser mais sofisticados.

ANEXO 06 - RECOMENDAÇÕES PROJETUAIS PARA CLIMA TROPICAL ÚMIDO 1
Adaptado dos trabalhos de Gonzales et al, (v.2., 1986), Koenigsberger et al (1980), Lavigne (1994), Arizmendi (1980), Alucci et al (1986).



Configuração urbana
·      Utilizar o terreno circundante, as construções próximas ou a vegetação para aumentar a exposição aos ventos durante a estação quente;
·    Evitar a localização de massas de água a montante dos ventos dominantes, que aumenta a alta umidade relativa do ar (sempre acima de 70%).

Paisagismo
Concepção de paisagismo orientada para proporcionar vantagens em termos de energia e estética, utilizando a vegetação como proteção/redutor de incidência dos raios solares na edificação.

·    Localizar áreas verdes de modo a não prejudicar a ventilação natural durante a estação quente (evitar áreas verdes a montante dos ventos dominantes);
·    Prever sombreamento nos locais de permanência prolongada, áreas de pedestres e pontos de ônibus;
·    Utilizar o terreno circundante, a vegetação e estruturas para criação de sombras;
·  Utilizar capa vegetal e reduzir ao mínimo as superfícies pavimentadas para resfriar o entorno dos edifícios, especialmente na direção dos ventos dominantes, e amenizar a reflexão dos raios solares que incidem sobre a superfície do solo circundante;
·    Sombrear as superfícies pavimentadas;
·    Reduzir ou eliminar a reflexividade das superfícies exteriores próximas às aberturas expostas ao sol;
·  Ofuscamento - evitar o uso de grandes superfícies polidas (metais, vidros e granitos), brancas ou brilhantes (pinturas esmalte alto brilho) ou expostas à radiação direta do sol; dar preferência a cores“terrosas”/suaves.

Paredes exteriores
Em edifícios de até dois pavimentos, têm menor influência no conforto interno do que a cobertura,embora qualquer redução na quantidade de calor que passa para o interior dos edifícios melhora as condições de habitabilidade. Devem ser de materiais leves, de baixa capacidade térmica, mais para garantir a privacidade e proteção contra as intempéries do que como barreiras térmicas. Seu projeto deve procurar:

·     Aumentar a condutância total das vedações externas e diminuir a condutância das vedações orientadas para o norte;
·      Paredes protegidas da incidência direta do sol, especialmente as orientadas para leste e oeste;
·    Brises/proteções horizontais em toda superfície norte, inclusive nas paredes e brises verticais móveis nas paredes verticais este/oeste, se possível de dupla camada com ventilação intermediária;
·   Se possível proteger as paredes orientadas para leste e oeste com vegetação (árvores, trepadeiras, etc.);
·  Quando não for possível o uso de vegetação, utilizar paredes duplas ou dotadas de dispositivos de proteção opacos à radiação e transparentes ao vento, que possibilitem a circulação do ar no espaço intermediário com a parede em contato com o ambiente interno;
·   Superfície externa das paredes que recebem radiação solar deve ser refletora — cores claras, evitando o uso de grandes superfícies lisas de cor branca ou envidraçadas, verdadeiros radiadores de luz que provocam ofuscamento e desconforto no seu entorno imediato;
·  Paredes devem ter coeficiente de transmissão térmica ar-ar máximo de 2,8 w/m2 oC, fator solar3 máximo de 4% e tempo de transmissão térmica máximo de 3 horas;
·  Vedações externas homogêneas, devem ser executadas com espessuras superiores a 0,25m, com materiais de baixa difusividade (capacidade de um material transmitir uma variação de temperatura, independentemente da potência térmica em jogo) e grande efusividade (capacidade de um material absorver ou restituir uma potência térmica);
·   Vedações externas de dupla camada (camada externa isolante e interna de grande efusividade) são mais eficientes para reduzir a variação interna de temperatura provocada por oscilações da temperatura exterior, sem necessidade de utilizar vedações internas espessas e de grande efusividade;
 
Janelas e proteções solares
Seu projeto deve assegurar ventilação natural permanente na direção do corpo dos usuários dos ambientes, para restabelecer a sensação de conforto, acelerando o resfriamento pelo processo evaporativo. As aberturas são mais permeáveis à passagem de calor do que as paredes5e devem ser bem projetadas para evitar que os ganhos térmicos obtidos pelas paredes sejam anulados e devem:

·      Ser orientadas preferencialmente na direção dos ventos dominantes;
·      Ser transparentes à ventilação, direcionando as correntes de ar na direção do corpo dos habitantes;
·   Ser opacas à radiação solar (direta e difusa) — as demais funções (iluminação, vista para o exterior, privacidade, etc.) têm menor relevância do ponto de vista do conforto térmico;
·     As aberturas para leste ou oeste devem ser estreitas e altas;
·    Nas fachadas norte e sul, recomenda-se aberturas que ocupem de 40 a 80% da área da parede -  a superfície envidraçada não deve ocupar mais do que 20% da área da parede, e deve estar totalmente protegida da radiação direta do sol mediante a correta orientação dos edifícios, da utilização dos elementos de sombra existentes no entorno dos edifícios (outros edifícios, árvores, etc.) ou através de dispositivos externos (venezianas, brises, anteparos, etc.) que limitem a penetração dos raios solares.